Estatinas funcionam em pacientes que nunca tiveram infarto?

Atualmente, tem havido uma grande euforia em relação aos medicamentos genericamente chamados estatinas (atorvastatina, sinvastatina, pravastatina etc.) – inibidores da enzima HMG-CoA redutase. Com estudos científicos comprovando sua eficácia em reduzir morbimortalidade em pacientes que já foram vítimas de eventos cardiovasculares, tais medicamentos pareceram boas opções a mudanças no estilo de vida para hábitos e alimentação mais saudáveis. Entretanto, apesar da forma como é comumente usada na prática clínica, os efeitos das estatinas em pacientes que não tiveram eventos cardiovasculares maiores significativos (infarto do miocárdio fatal ou não e acidente vascular cerebral) não estão completamente elucidados.



Portanto, a intenção dessa edição do Clube de Evidência foi determinar o papel das estatinas na prevenção primária de eventos cardiovasculares. Para tanto, foi pesquisado no http://www.pubmed.com/ artigos com os termos “primary prevention” e “statin”, com limites para “título” e “estudos em humanos publicados nos últimos 5 anos em inglês/português”, e houve retorno de 7 artigos. Foi escolhida uma meta-análise de 2006: Primary prevention of Cardiovascular diseases with statin therapy: a meta-analysis of randomized controlled trials.
Esse estudo reuniu 7 ensaios clínicos randomizados de alta qualidade metodológica (índice de Jadad), analisando um total de 42848 pacientes. Para analisar a prevenção primária, todos os estudos tinham pelo menos 80% dos pacientes na prevenção primária (sem eventos cardiovasculares prévios) – média de 90% na prevenção primária –, e seguimento médio de 4.3 anos.
Essa meta-análise concluiu que apesar de não diminuir significantemente a mortalidade cardiovascular ou mortalidade total [reduções de 22,6% (P = 0,13) e 8% (P=0,09), respectivamente]. Os autores atribuíram esses coeficientes de mortalidade não alterados a um tempo relativamente baixo de seguimento (4,3 anos) e ao enfoque, nos estudos, em pacientes com riscos cardiovasculares mais baixos (Framinghmam, moderado e moderado-alto). Entretanto, apesar de não haver efeitos estatisticamente comprovados sobre a mortalidade, as estatinas foram eficazes em relação ao número de infartos do miocárdio (fatais ou não), com redução de 29,2% (P < p =" 0,02).">
Os autores reafirmam que, apesar de redução de 22,6% no número de infartos do miocárdio, o NNR desse estudo é 60:1 (ou seja, 60 pessoas devem ser tratadas com estatinas para que apenas 1 evento seja impedido), e isso tem implicações em saúde pública. Sendo um medicamento disponibilizado no SUS, deve-se analisar a relação custo-benefício de sua terapia. O estudo indica que essa relação é válida para pacientes com alto risco de eventos cardiovasculares (Framingham, >20% em 10 anos ou outras co-morbidades, como diabetes mellitus), mas não é em pacientes com baixo risco (Framingham, <10% size="2">
Referência:
Primary prevention of cardiovascular diseases with statin therapy: a meta-analysis of randomized controlled trials.
Thavendiranathan P, Bagai A, Brookhart MA, Choudhry NK.
Arch Intern Med. 2006 Nov 27;166(21):2307-13. Review.






Alongamento e aquecimento reduzem o risco de lesões musculares?



Lesões musculares são um dos maiores problemas dos atletas atualmente, sendo responsáveis por mais que 30% de todas as consultas de clínicas esportivas. Inicialmente, acreditava-se que o aquecimento e o alongamento teriam importante papel no exercícios, ao reduzir os riscos de lesões. No entanto, um pesquisa publicada em 2000 por Pope et al, não demonstrou redução de lesões em soldados americanos que realizavam aquecimento e alongamento antes de atividades físicas.Desde então, vários pesquisadores têm publicado artigos demonstrando ou negando a redução de lesões com essas técnicas. Muito dessas contradições devem-se a dificuldade de padronizar a definição de aquecimento, alongamento e lesões.
O review*mais recente (Woods) aponta que o aquecimento aumenta a velocidade das reações metabólicas, a velocidade de transmissão nervosa, a distensibilidade muscular. O alongamento teria a função de aumentar a distensibilidade muscular (sendo maior nos primeiros 15 minutos, mas durando até 24 horas), e a longo-prazo melhorar a qualidade de vida e aumentar permanente a elasticidade muscular. O aumento da distensibilidade reduz o risco de lesões musculares por superestiramento, e aumenta a capacidade do atleta assumir posições menos usuais em momentos de choque.
O estudo de Bixlar et Jones demonstrou que aquecimento e alongamento entre o 3° e 4° tempo de um jogo de futebol americano, reduziu significativamente o risco de lesões musculares nos atletas (004 vs 0,46 p<0,05). p=" 0,05)," style="font-size:85%;">*Busca no Pubmed com "stretching warm-up exercise" com os limites de artigos em humanos publicados nos últimos 5 anos e escritos em inglês revela 25 arigos, sendo 10 relevantes.

Woods K et al. Warm-up and stretching in the prevention of muscular injury. Sports Med. 2007;37(12):1089-99.

SEMCIÊNCIA


"Não, os weblogs não vão terminar. É a resposta que dá José Luis Orihuela à pergunta que o próprio coloca. Tudo, porque nada vai voltar a ser como antes. Primeiro, porque foram descobertos com os blogs amplos recursos tecnológicos que estão agora disponíveis para pessoas comuns. E isso é ponto sem retorno. A comunicação social, enquanto comunicação pública e massiva, nunca mais vai voltar a ser um exclusivo dos grandes grupos mediáticos, também agora as pessoas comuns têm possibilidades de publicação a grande escala. Depois, porque o crescimento da blogosfera em termos estatísticos é visível e isso é prova de expansão. E por fim,porque os blogs são um "media líquido", que, não conservando a sua forma, se adapta e modifica em conformidade com as situações que se lhe colocam." (blog SEMCIÊNCIA)

Os blogs estão ficando bons. Hoje é sem dúvida uma das melhores e mais democráticas formas de comunicação.

Para ler sobre curiosidades em ciência, política, e teoria blogueira SEMCIÊNCIA é sem dúvida uma ótima opção.