O consumo de Coca-cola pode levar a osteoporose?

A Coca-Cola é uma das bebidas mais bem disseminadas mundialmente e seu consumo tem aumentado a cada ano.

A questão levantada pelo grupo foi se o consumo de Coca (ou outros refrigerenates a base de cola) pode levar a osteoporose. Para respondê-la, pesquisei artigos no Pubmed utilizando as palavras-chave cola beverages e osteoporosis. A busca resultou em vários artigos, mas muitos deles não estavam tão bem relacionados com a pergunta em questão.

Escolhi o artigo Evaluation of the Effect of Cola Drinks on Bone Mineral Density and Associated Factors, publicado em dezembro de 2006 na revista científica Basic & Clinical Pharmacology and Toxicology. Nesse estudo, que teve duração de 30 dias, 30 camundongos foram divididos em quatro grupos. Os grupos 1 e 2, formados or 10 machos e 10 fêmeas, foram munidos de ração, água e uma bebida à base de cola ad libitum, enquanto os grupos 3 e 4, cada um com cinco camundongos, receberam somente água e ração.

Apesar de analisados os dados para avaliar mudanças na estrutura da porção distal do esôfago (devido ao baixo pH da bebida – de 1.38 a 1.72), não houve detecção de esofagite. Outro aspecto negativo da pesquisa é o fato de que não foi encontrada diferença significativa nos níveis de cálcio sérico e de os autores terem relatado aumento da concentração de fósforo, sem que esse fato tenha sido apontado na tabela de referência.

Entretanto, acredito que o artigo tenha sido elucidativo por ter comprovado cientificamente que houve diminuição marcada tanto da densidade mineral óssea quanto da concentração mineral óssea do fêmur dos grupos-teste. Além disso, foi demonstrada congestão glomerular geral e sangramento intertubular, achados de lesão renal.


Relatora: Paula (83)

Própolis alivia dores de garganta?


O própolis é uma substância produzida pelas abelhas a partir de resinas extraídas da flora de determinada região. Sua função é tampar pequenos buracos na colméia e seu extrato tem diversas aplicações, desde o tratamento de aftas1 até o controle da proliferação de células tumorais2. Devido à sua origem muito diversa, a composição do própolis varia entre as diferentes regiões. Portanto, para que qualquer estudo feito com própolis seja válido é importante que a concentração de princípios ativos seja avaliada e padronizada. Por isso muitos estudos são feitos buscando estabelecer uma composição padrão para o extrato de própolis a ser usado em pesquisas ou comercializado.

O uso de própolis para o alívio de dores de garganta é corrente na população. Usei o Google scholar para buscar evidências a respeito da eficácia desse método. Digitei “própolis” e “Clinical Trial”. Surpreendentemente encontrei pouquíssimos artigos relevantes e esses poucos eram em outras línguas que não o inglês (Romeno, Russo...). Os artigos mais interessantes que achei sobre esse assunto eram de revistas de microbiologia que falavam das propriedades antimicrobianas do própolis3.

Após extensa pesquisa achei que a relação do própolis com o alivio das dores de garganta era muito pobre em estudos, por isso resolvi buscar algum estudo clinico interessante sobre outro dos vários efeitos benéficos do própolis. Escolhi um artigo sobre os efeitos do uso de própolis como suplemento alimentar no controle da asma leve a moderada.

O artigo publicado no Fundamental and Clinical Pharmacology4 descreve um estudo feito com 46 pacientes asmáticos. O artigo tinha como objetivo avaliar os efeitos do consumo diário de própolis, por 2 meses, tanto nas funções ventilatórias e na quantidade de ataques noturnos, quanto nos mediadores da inflamação e fatores imunológicos, visto que a asma é uma doença inflamatória crônica. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, um recebia o própolis diariamente e outro recebia placebo. Os resultados mostraram uma melhora significativa nos parâmetros avaliados no grupo que consumia própolis. O número de ataques noturnos diminuiu de uma média de 2,5 para apenas 1 ataque por semana. Na avaliação das funções respiratórias a melhora variou de 19 a 41% dependendo do teste. Essas melhoras clínicas foram acompanhadas por alterações benéficas nos níveis séricos de fatores imunológicos e mediadores da inflamação, sendo possível assim estabelecer uma correlação entre os achados clínicos e as alterações no sistema imunitário.

As conclusões do artigo são grande relevância, pois são um indício do mecanismo de ação do própolis, podendo, portanto, ser importante para que novos estudos sejam feitos buscando entender de que forma se dá a ação do própolis no controle da asma e de outras patologias.

Referências
1 Samet et al. The effect of bee propolis on recurrent aphthous stomatitis: a pilot study.Clin Oral Investig. 2007 Jun;11(2):143-7. Epub 2007 Feb 7.

2 Li et al. Antiproliferation of human prostate cancer cells by ethanolic extracts of Brazilian propolis and its botanical origin. Int J Oncol. 2007 Sep;31(3):601-6.

3 Grange et al. Antibacterial properties of propolis (bee glue). J R Soc Med. 1990 Mar;83(3):159-60. Review.

4 Khayyal et al. A clinical pharmacological study of the potential beneficial effects of a propolis food product as an adjuvant in asthmatic patients. Fundam Clin Pharmacol. 2003 Feb;17(1):93-102.