O efeito placebo

Introdução
O placebo foi concebido como controle em ensaios clínicos randomizados, para imitar a intervenção em teste, porém sem efeito fisiológicos. (S. D. Dorn et al., 2007) Com o tempo foi observado que o placebo podia provocar respostas extremamente altas em alguns testes. Por exemplo mais de 80% de resposta em testes de tratamento da síndrome do colo irritado e outros efeitos satisfatórios no tratamento da cefaléia e outras doenças (S. Klosterhalfen, P. Enck., 2006). Isso causou interesse por levantar hipóteses de erros metodológicos no desenho do placebo. Além disso o efeito placebo, bem compreendido abre campo para desenvolvimento de intervenções de baixo custo e pouco efeito colateral.

Como funciona o placebo
Uma das explicações para o efeito placebo baseia-se no condicionamento pavloviano, isso principalmente em respostas subconscientes. Assim como o cachorro de Pavlov salivava ao ouvir a campainha é possível condiocionar uma pessoa, por exemplo, a liberar um hormônio. Para provar isso níveis circulantes de GH e cortisol foram condicionados por injeções de sumatrypan. Em seguida sugestões de aumento ou diminuição desses hormônios não funcionaram, porem injeções de cloreto de sódio foram capazes de mimetizar o efeito do sumatrypan.
Outro mecanismo seria a criação de expectativas, que agiria também em processos conscientes. A sugestão de que os tremores em pacientes com parkson diminuiriam após uma cerebral do controle motor. Os pacientes que não receberam a estimulação tiveram os tremores diminuídos na mesma intensidade que aqueles que receberam a estimulação.Outro teste foi feito com voluntários sadios foram condicionados com injeções de opióides por dois dias. No terceiro dia eles experimentavam hipoalgesia a dor experimental após injeção contendo apenas NaCl (S. Klosterhalfen, P. Enck., 2006).
Os estudos a respeito dos mecanismos cerebrais do placebo, embora tenham sido uma das primeiras aplicações das técnicas de imagem cerebral, ainda são muito modestos e apenas mostram uma ativação extra do córtex pré-frontal. Esses achados sugerem, no caso da manipulação de sensações, que a ação acontece alterando a percepção mais que alterando a sensibilidade.

Terapias alternativas são capazes de aumentar o efeito placebo?
Um revisão sistemática do efeito de terapias alternativas sobre o efeito placebo no tratamento da síndrome do colo irritado foi publicada em 2007. S. Klosterhalfen e P. Enck concluíram o tipo de terapia não interfere no efeito placebo. No entanto, dentre os estudos selecionados, só restaram terapias com remédios alternativos (plantas medicinais, probióticos e etc). A revisão, portanto, não tocou o cerne da questão, que consiste em terapias com forte apelo psicológico como homeopatia e tratamentos holísticos. Os autores sugerem ainda que outros fatores como a duração do tratamento e maior número de visitas teriam efeito sobre o sucesso do placebo.

Conclusão
O placebo tem apresentado altíssimo nível de funcionamento em publicações respeitadas. Seu efeito, entretanto, pode ser muito maior. Uma vez que as revisões são feitas muitas vezes com testes cujo foco é a intervenção e não o placebo. Esses trabalhos são muito susceptíveis ao viés de publicação (estudos cujo grupo caso tenham tido mais efeito que o placebo tem mais chance de serem publicadas).
O placebo deveria ser, portanto, um grande foco de interesse da medicina. O seu entendimento propicia intervenções mais seguras e de baixo custo.
A partir da melhor compreensão desse efeito é possível depositar maior respeito em terapias alternativas, e desenvolver o questionamento se a medicina não deveria ser um pouco mais a arte do placebo.

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