Unidade 731 (2/4) Experimentos com Prisioneiros

Para as doenças infecciosas, o experimento consistia em infectar artificialmente os pacientes com comida, água ou ar contaminado e, com o desenvolvimento da doença dissecá-los vivos (por vezes sem anestesia) para avaliar o estado de deterioração dos órgãos internos:

"Assim que os primeiros sintomas eram observados, o prisioneiro era levado de sua cela à sala de dissecção. Ele era amarrado e posto sobre a mesa, gritando, tentando reagir. Ele era deitado, ainda gritando apavorado. Um dos médicos enfiava uma toalha em sua boca, e então com um único golpe rápido de bisturi, ele era aberto.” (CHANG, 1999) (NIE, 2004).

Dentre os experimentos realizados, estão descritos infecções pelas bactérias patógenas Yersinia pestis, Bacillus anthracis, Neisseria gonrorhoeae, Treponema pallidum, Vibrio cholerae, Ricketsia spp., Francisella tularensis, dentre possivelmente outras (BYRD, 2005). A infecção era realizada com o intuito de se estudar as alterações orgânicas e os sintomas provocados pelas doenças em diferentes estágios de evolução. As vivissecções eram realizadas sob o pretexto de que após a morte, a autólise subseqüente impediria avaliação precisa dos efeitos das doenças, sendo necessária a avaliação a fresco do órgão (BYRD, 2005).

Dentre outras experiências, realizava-se amputação de membros seguida de hemorragias não controladas, visando simular situação de batalha; sepultamento de pessoas vivas e avaliação de efeitos da necrose e da gangrena sobre a pela humana. Também há relatos de induções experimentais de acidentes vasculares cerebrais, infartos agudos do miocárdio, embolismo gasoso, dentro outros (BYRD, 2005).

Os prisioneiros morriam em decorrência dos experimentos ou eram assassinados quando não mais necessários. Apesar da maioria deles serem homens entre 20 e 40 anos, testemunham confirmam a presença de crianças e mulheres grávidas nos experimentos fatais. Além disso, a equipe da unidade 731, afirma ter testemunhado atos sexuais forçados, por prisioneiros infectados, com objetivo de se estudar doenças sexualmente transmissíveis (NIE, 2004) (POWELL, 2006).

Outro ramo de pesquisas da Unidade 731 era a medicina dos extremos, especificamente a fisiologia do congelamento. Em um experimento, cinco prisioneiros foram colocados em um ambiente com temperatura abaixo de zero, vestidos com agasalhos, estando apenas com os braços expostos ao frio. Para acelerar o processo de congelamento (ou simular o vento em batalhas), grandes ventiladores eram colocados próximos aos prisioneiros. Isto era feito até que os braços, ao serem percutidos, emitissem um som semelhante ao de um material rígido. A partir de então, os pesquisadores tentavam diferentes formas de tratamento, muitas das quais sem sucesso (Peter Li). Outras vezes os pacientes permaneciam com as mãos imersas em águas geladas por horas, ou eram levados a montanhas onde permaneciam descalços por horas. Após o congelamento, eles eram levadas a uma sala e forçadas a colocarem suas mãos ou pés em vasilhames de água a 5° C, cuja temperatura ia subindo gradualmente. Um dos membros da Unidade 731, Karakazu Saturu relatou o seguinte fato:

“Quando eu entrei no laboratório da prisão, cinco chineses estavam sentados em um banco longo, dois destes não tinham dedo algum, suas mãos estavam negras; nos três restantes os ossos eram visíveis. Eles tinham dedos, mas apenas os ossos. Yushimura [o encarregados pelas pesquisas de congelamento] disse-me que isso era resultado dos experimentos com frio” (NIE, 2004).

2 comentários:

  1. vivissecção.. eca.. :p

    eles descobriram alguma coisa interessante sobre fisiologia do congelamento afinal? =)

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  2. Não perca os próximos capítulos!

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